Nesse treino teremos:
→ 1 reflexão como aquecimento;
→ 5 km em ritmo leve acompanhados de um bom som;
→ 1 pausa breve para uma indicação;
→ 1 km de review no pace fofoca;
→ 1 desaquecimento em comemoração
Um passeio rápido por Paris, ça te dit ?
Há alguns meses, em uma das minhas aulas de Francês (oui, très chique), me deparei com o termo ‘flâneur’. Um termo que, bem… Não tem um sinônimo no português mas que para o meu espanto foi para mim um encontro. Era como se eu tivesse finalmente encontrado a palavra que descrevia minha forma de perambular o mundo.
O termo vem do verbo ‘flâner’ em francês que significa ‘vadiar’, ‘passear sem rumo’ ou ‘vagar’. Mas a figura do ‘flâneur’ representa bem mais que um simples caminhante ou vadio. O flâneur é, na verdade, um observador da cidade, alguém que caminha sem pressa e que lê a paisagem urbana.
Essa figura surgiu lá na França no século XIX, especialmente em Paris. E aqui nós estamos falando de uma cidade em plena transformação urbana: efervescente, com o crescimento dos boulevards e galerias e com multidões andando pelas ruas.
Esse conceito foi popularizado pelo escritor Charles Baudelaire. Para ele, o flâneur representava um ‘explorador da modernidade’, algo como um poeta da vida urbana que era capaz de enxergar beleza no banal que, ainda sim, era um anônimo - mas sempre atento.
Em um livro do próprio Baudelaire chamado ‘O Pintor da Vida Moderna’, que estou lendo, ele explora justamente sobre essa figura:
“Para o perfeito flâneur, para o observador apaixonado, constitui um grande prazer fixar domicílio no número, no inconstante, no movimento, no fugidio e no infinito. Estar fora de casa e, no entanto, sentir-se em casa em toda parte; ver o mundo, estar no centro do mundo e continuar escondido do mundo, esses são alguns dos pequenos prazeres desses espíritos independentes, apaixonados, imparciais […]”
É esse, me parece, também o lugar do artista, do fotógrafo... Ser essa figura que perambula pelas ruas da cidade, observa e enxerga a beleza no ordinário. É também - por que não? - o sujeito que corre atento pelas ruas (ou é, ao menos, o que tento ser enquanto corredora).
O corredor e o artista como flâneurs, ou melhor, poetas da cidade, curiosos, sensíveis e atentos a tudo. E, nas suas andanças (ou corridas) o que você tem visto?
Quem tem um amigo tem tudo: obrigada, Jonathan
O som de hoje é um oferecimento do meu amigo Jonathan Delgado. Como fã fiel da Ana Frango Elétrico, assim como eu, ele um dia chegou me dizendo ‘escuta essa banda, você vai amar’. Ele estava certo.
Deem o play: Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo. Se não gostar, volte de novo daqui 15 dias.
O álbum de hoje vai ser o ‘Música do Esquecimento’, segundo álbum da banda e cheio de faixas que sou viciada e que estão na ponta da língua (e que sim: também ouço pra treinar). Como já devo ter dito, sou péssima em escolher uma música favorita. Mas aqui vão duas das que mais gosto: ‘Último Sexo’ e ‘Segredo’.
E se você curtir a voz da Sophia: corre ouvir Besouro Mulher também, outra banda que ela faz parte.
“Running is my favorite place do daydream”
A indicação de hoje é rápida mas mistura duas coisas que eu amo: corrida e escrita. Recentemente descobri o perfil do Josh Lynott (@joshlynott) e desde então estou adorando acompanhar as coisas que ele escreve.
Ele é, além de escritor, corredor e fotógrafo (parece que temos bastante em comum) e compartilha sempre alguns dos seus escritos sobre corrida e criatividade. Recomendo a leitura.
Um dia as parcerias chegam, enquanto isso…
Sempre achei graça na expressão ‘mal acostumado’ e como ela cabe pra tantas situações. Eu mesma fiquei mal acostumada a tomar bons cafés. E, por consequência, ficou ainda mais difícil beber o café ruim lá do trabalho. É verdade que mesmo assim eu não nego um café - bom ou ruim - ainda assim, prefiro o café gourmet que faço na minha casa.
E, é claro, algumas coisas boas custam mais caro. É o preço que se paga pelos prazeres da vida (a crítica ao capitalismo deixamos para um momento mais oportuno).
E, por isso, eu posterguei por bastante tempo experimentar os géis da Dobro (@soudobro). Eu sabia que eles seriam provavelmente muito bons. E a vida de corredora (mesmo amadora) tem suas despesas: tênis novo, lookinhos, meias, suplementos, treinador, academia [lista ad infinitum]… O gel de carboidrato é só mais um item da lista que eu preferia sempre economizar.
Mas eu preciso dizer: achei os géis são realmente bons. Eu curti o sabor, a textura… Achei um ótimo intratreino. Ainda tenho vários sabores pra experimentar. Mas uma coisa é certa: eu que me vire pra bancar depois.
E, por aqui, estou fazendo figas para um futuro cheio de parcerias para receber caixas de gel da Dobro pros meus treinos de corrida. Faça figas por mim também… 🤞
PS: Dobro, se você estiver vendo isso… Mande mimos. Meu CEP é 87030…
Flâneur por um dia e pequenas comemorações
Eu espero que você termine essa leitura inspirado a, como um flâneur, caminhar pelas ruas atento. Você não imagina quantas ideias fervilham na cabeça nesses momentos. Observar a arquitetura dos prédios, as pernas ligeiras das pessoas, as luzes dos carros. Existe beleza no ordinário.
E eu termino essa edição #2 com uma comemoração: eu dei o segundo passo. Estou aqui de novo. Lembram? É preciso estabelecer um ritmo para que a roda continue girando. Eu espero seguir vendo vocês por aqui também. E espero que também tenham dado o segundo passo no projeto (ou atividade) de vocês.
Com suor amor (e endorfina pós-corrida),
Camila.
Amei, camilinha. Um dia na faculdade li um trecho de um livro chamado Flâneuse - Women Walk the City, que fala sobre como por muito tempo a versão feminina da palavra flâneur não existia em francês - a tal flâneuse, mesmo existindo muitas mulheres através da história se aventurando pelas cidades (assim como você). O argumento sempre foi de que pra ser flâneur é preciso ser invisível e despreocupado e para a mulher sozinha na rua isso é quase impossível. O que não deixa de verdade... ser flâneuse não é o mesmo que ser flâneur. E por esse motivo é ainda mais revolucionário que mulheres como você existam. Não li o livro inteiro, mas fica aqui a recomendação de um artigo que fala sobre ele e sobre o tema: https://www.theguardian.com/cities/2016/jul/29/female-flaneur-women-reclaim-streets
Um beijo de uma aspirante a flâneuse em terras portuguesas.
Eu tenho verdadeira obsessão pela palavra "flâneur" desde as aulas de fotografia, aí eu bato o olho e vejo ela como tema dessa edição AAAAAAAA 💖😍💖😍 Pfv, continue dando o terceiro passo, quarto, quinto...